Sobre Promoção da Saúde

       A saúde das pessoas vai além da ausência de doenças. Trata-se de um estado de bem-estar, uma condição objetiva e subjetiva de conforto, no qual o indivíduo se sente bem. Multidimensional, este estado inclui o bem-estar físico, diretamente ligado ao funcionamento do corpo, mas também o bem-estar mental e emocional, dimensões que possibilitam resiliência para enfrentar, resistir e superar desafios na vida cotidiana. A saúde possui conjuntamente um aspecto espiritual, que possibilita às pessoas encontrar senso de propósito e significado para suas vidas. Mas a saúde não deixa de incluir um estado de bem-estar social, econômico e político, sem os quais a plenitude da saúde humana não pode ser atingida. Sendo intrinsicamente abrangente, o estado de saúde produz não apenas a sensação de bem-estar, mas também qualidade de vida e longevidade, com redução da mortalidade precoce e evitável, possibilitando aos indivíduos o alcance da plenitude de seu potencial humano.

      Entretanto, o estado de saúde das pessoas não se produz espontaneamente, não surge do vácuo: é produto de um processo histórico, individual, familiar e coletivo. Não limitado a fatores individuais, o processo que produz saúde (e também doença) é social, cultural e ambientalmente condicionado (Figura 1). Dada a incontornável complexidade da saúde humana, as atividades de promoção de saúde vão para além da clínica focada no indivíduo. As práticas de promoção de saúde visam modificar o processo saúde-doença e também atuar sobre seus determinantes primários. Assim, a Atenção Primária à Saúde, especialmente a Atenção à Saúde da Família, configura-se em prática privilegiada para a promoção da saúde dos indivíduos, da família e da comunidade. Nesse sentido, o fortalecimento e a defesa do Sistema Único de Saúde são considerados como essenciais para que o estado de saúde esteja ao alcance da população de forma universal e integral. Considerando o atual estágio do sistema social, político e econômico, que cursa com concentração progressiva da renda, intensificação da desigualdade social e uma emergência climática e ecológica global, o alcance de um estado pleno e sustentável de saúde da população humana só é possível com a promoção da democracia, da justiça social e da saúde da biosfera. Seria relevante aqui enfatizar que toda vida neste planeta, inclusive a humana, depende da estabilidade da biosfera e seus ecossistemas.

       A partir deste contexto, a Área de Promoção de Saúde e Prevenção de Agravos do Departamento de Medicina Social da FMRP-USP dedica-se ao ensino, pesquisa e extensão de conceitos e soluções para que as pessoas, famílias e comunidades possam atingir um estado abrangente e sustentável de saúde. Nesta área são desenvolvidos estudos e intervenções sobre o processo saúde-doença, considerando a perspectiva de seus determinantes primários e dos ciclos de vida. Inclui as práticas de promoção de saúde, a prevenção de doenças e agravos da saúde, os estudos de gênero, sexualidade e os diversos aspectos da saúde reprodutiva, como gravidez, aborto, contracepção e prevenção de DST/AIDS. Nesta área também são estudados temas relativos ao crescimento e desenvolvimento infantil, adolescência, idade adulta e o envelhecimento.

 

Figura 1: Representação esquemática do processo saúde-doença (modelo ecossocial)

Para saber mais: Área de promoção de saúde e prevenção de agravos do Departamento de Medicina Social da FMRP-USP: https://rms.fmrp.usp.br/pb/promocao-de-saude-e-prevencao-de-agravos

Texto realizado por:  Prof. Dr. João Paulo Dias de Souza, Professor Titular de Medicina Social, área de promoção de saúde e prevenção de agravos, Departamento de Medicina Social da FMRP-USP